Compreenda como a sua relação com a mãe
impacta diretamente o planeta
Eu tenho dito que você pode claramente verificar como está uma sociedade observando como ela se relaciona com a mãe. Da mesma forma, nós não podemos falar de preservação do meio ambiente ou cultura de paz sem falar da mãe. Entenda que a separação é somente uma ilusão – somos um e o feminino também é um. Você se relaciona com o feminino da mesma forma que você se relaciona com a sua mãe. Muitas vezes, nós não conseguimos ter consciência objetiva de como nos relacionamos com nossa mãe porque nos tornamos indiferentes a ela, assim como nos tornamos indiferentes em relação ao planeta.
Estamos destruindo o planeta (que é nossa mãe) e quem se importa com isso? Quantos por cento da população se importam com isso? Quem de fato se importa com a miséria, com a pobreza, com o lixo? Com a contaminação das águas, com a devastação das florestas, com a violência? Quem se importa com esses temas até que eles realmente batam em sua porta e lhe causem prejuízos práticos?
Trabalhamos para que mais e mais pessoas se importem, mas para isso acontecer precisamos derrubar as paredes da indiferença. Indiferença em relação à mãe que é o planeta, em relação à mulher que está ao seu lado e ao feminino que está em você. A indiferença em relação à mãe, aquela mulher que trouxe você ao mundo, que independentemente de como o karma tenha sido desenhado, possivelmente ainda é alvo de um pacto de vingança traçado por você. Pacto esse, muitas vezes manifestado como uma parede de indiferença, que faz com que você seja cocriador da separação no mundo, já que de alguma forma também está indiferente ao que está acontecendo no planeta.
“A indiferença em relação à mãe, aquela mulher que trouxe você ao mundo, que independentemente de como o karma tenha sido desenhado, possivelmente ainda é alvo de um pacto de vingança traçado por você.”
Tenho falado da mãe e do pai como portais espirituais. Portais que estruturam o psiquismo e fazem com que você se relacione com o mundo da mesma forma como se relaciona com as energias que fluem nesses portais. Se você carrega marcas de dor em relação à sua mãe ou ao seu pai, é claro que você vai ter dificuldade de criar união com homens e mulheres.
Porém, na relação com a mãe, existe uma ligação profunda que fica plasmada nas células tendo em vista que todos nós ficamos cerca de nove meses em sua barriga e depois, a grande maioria, ainda passa vários outros meses se alimentando e nutrindo-se através do seu seio.
Alguns foram desejados e amados, alguns foram nutridos com carinho e devoção. Outros foram nitidamente rejeitados, não desejados e nutridos até mesmo com ódio. Na grande maioria dos casos, recebemos os dois, simplesmente porque é impossível para uma mãe dar somente o seio bom. Porque, às vezes, ela está cansada e não quer saber do filho, mas ela tem que estar ali cuidando sem poder ao menos admitir que não era isso o que queria fazer naquele momento.
Com raras exceções, ela passa todo esse desconforto para a criança que por sua vez, recebe as duas impressões: o amor e o ódio. É bastante óbvio que o amor conforta, como é bastante óbvio que o ódio machuca, e são essas marcas da infância que acabam gerando todos os condicionamentos do adulto, todas as repetições destrutivas que estamos hoje trabalhando arduamente para transformar.
Se nos relacionamos com o mundo da mesma forma que nos relacionamos com a mãe, precisamos responder algumas perguntas para nós mesmos para podermos ir além, como por exemplo: por que você polui as águas, sejam elas de um rio ou as águas internas do seu corpo, jogando elementos tóxicos e nocivos em seu leito? Ao jogar alimentos ou substâncias impróprias dentro do nosso corpo – muitas vezes conscientemente – acionamos uma pulsão de autodestruição que em nada se difere do que nós, como humanidade, estamos fazendo com o meio ambiente. Afinal, se fazemos com o nosso corpo, iremos reproduzir o mesmo comportamento no entorno.
Com isso estou querendo dizer que se queremos mesmo transformar esse planeta e nossas relações, precisamos examinar com profundidade como está nossa relação com a mãe. Responda sinceramente: você já pode deixar a mãe que te trouxe ao mundo livre? Ou você é codependente do sofrimento dela, de todas as dificuldades dela para satisfazer sua necessidade de vingança por ter sido mal amado?
Eu pergunto se você deixa ela livre, porque costumamos ficar aprisionados em sofrimento e pactos destrutivos. Uma das formas de aprisionar é a indiferença, como eu disse anteriormente. Você não dá o amor, não dá o reconhecimento, para não libertar a pessoa da sua mágoa. Você sofre, mas não abre mão da vingança.
“Alguns sofreram em mãos de mães cruéis. Cada um com o que precisava ter. A questão é se você tem consciência que ainda escolhe vibrar no ódio e no pacto de vingança.”
Tem diferença? Tem separação? Jogar o lixo no rio, os maus tratos com o corpo ou querer fazer a mulher ao seu lado uma escrava para satisfazer suas necessidades? Ainda, deixar-se levar pelo ódio e contaminar o feminino dentro de você transformando-o em vitimismo e submissão?
Toda essa distorção do feminino começa nesta relação com a mãe e para fazer a sua parte você precisará rever esse relacionamento, independentemente se ela mora perto ou longe, esteja viva ou não. A questão é se você realmente pode abrir seu coração para ela. A questão é se você pode perdoá-la pelos maus tratos e renunciar aos pactos de vingança.
Alguns sofreram em mãos de mães cruéis. Cada um com o que precisava ter. A questão é se você tem consciência que ainda escolhe vibrar no ódio e no pacto de vingança. Se tem consciência de que aí dentro prevalece a decisão de destruir, ser rancoroso e negar amor pra sua mãe – e pro mundo. Se tomar consciência disso, poderá trabalhar esses sentimentos guardados para enfim, se libertar deles. Mas esse processo necessário um dia precisa chegar ao fim, não pode se tornar um vício.
Em algum momento você terá que renunciar esse eu, essa história de que você é uma criança machucada. Quando é o momento? Quando será o dia da sua sorte? Quando você vai realmente ter a sorte grande de abandonar esse jogo destrutivo e se abrir para o amor? Se você realmente renunciar ao pacto, não terá mais vítima dentro de você, nem submissão, nem desejo de escravizar o outro ou destruir a natureza.
Você conseguirá finalmente se libertar da luxúria, que é o principal instrumento de maya, já que usa a energia sexual para satisfazer seus caprichos de vingança porque recebeu o seio mau, foi rejeitado, excluído, mal tratado e humilhado. Como sempre digo, embora o perdão seja um florescimento, nós temos que fazer a nossa parte, movendo-nos em direção a ele. Isso é vital. O perdão é um fruto da árvore da consciência. Nós temos que fazer a nossa parte, temos que olhar para isso.
Quando o feminino está livre do ódio ele se expressa como a mais pura beleza. Dele nasce a confiança, que é a base para essa mudança de paradigma que tanto buscamos, tendo em vista que em nossa sociedade tudo gira em torno do dinheiro (incluindo a devastação ambiental) e nossa economia ainda se baseia no medo da escassez. Mas a confiança só surge se você ilumina o feminino, e o feminino só se ilumina se você se acertar com a sua mãe.
Na minha percepção isso é matemática básica. Reflita um pouco sobre isso.
Por Sri Prem Baba
Fonte:https://www.sriprembaba.org/blog/compreenda-relacao-mae-impacta-diretamente-planeta/
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